sábado, 4 de dezembro de 2010


Meus pés plantados no chão parecem firmes e fortes
Mas  a verdade é que vou trocando as pernas pra me manter de pé
Ora forço uma, ora a outra
Dificilmente uso as duas pra me sustentar
Às vezes tomo um porre
E elas vão se trocando sem que eu perceba
Eu andarilho vou trocando os caminhos
Eu trocadilho vou trotando pelos trilhos
Assim vou... numa eterna ressonância
Minha metamorfose é literalmente ambulante
Ontem eu estava lá, Hoje estou aqui
Amanhã aqui, lá, acolá... sei lá!
Ninguém sabe onde um belo par de pernas pode me levar

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A sua vida é bonita e correta
A minha é confusa e errada
Você se perde comigo
Eu me encontro com você
Eu nunca te escondi as cicatrizes profundas
Que marcam as linhas da minha mão
Ainda assim você não se importa
E aperta minha mão sem sequer olhá-las
Olhando bem fundo, mas nos meus olhos
Até eu esquecer minhas chagas antigas na força do teu olhar
Felizmente não cutucamos velhas feridas
Sem olhar pra trás juntamos nossas loucas vidas
E não sofremos em vão

domingo, 23 de maio de 2010














Hoje queria fazer um poema azul
Numa folha verde... ou seca mesmo
O papel e a tinteira já ajudam
E até minha alma triste tem uma alegriazinha açucarada
Que me faz despontar nas estrelas
E imaginar que tenho os astros nas mãos
E tocá-los é algo tão sensível e deslumbrante
Que tomo o maior cuidado do mundo
Pra que não escapem com a paz que os acompanha
E me sentido novo, vivo e altivo
Invadido pela energia de todo o cosmus
Que vem desde o alecrim que plantei até
As colossais galáxias que sonhei... Que vivo sonhando!
Que sei que um dia chegarão e me invadirão!
E não eu, ir até elas e tomá-las... sim, creio que elas que virão
Pois não tenho a audácia de violá-las na beleza de meus sonhos
E mesmo que não cheguem de verdade
A doce ilusão me encanta tanto
Porque engano a solidão e sou tudo aquilo que quero
E canto bossinhas, marchinhas, sambinhas
E vêm os rodopios, rodopios, rodopios, rodopios...
E grito, e me debato, e me liberto...
E me pinto e me bordo com todas corres
E me faço indolente cheio de lascívia
Me derramando em cascatas de vinho
Ou me faço lânguido e amargo
Costuro e rasgo fantasias
Minha metamorfose é tão natural e inesperada
Que deleite estranho e anárquico se passa em minha loucura?
Tudo o que não sei e o que não sou é o que me cura
Se minha alma não se expande feito os raios de sol
Que emergem na escuridão de minhas pequenas tragédias
Eu sufoco! E desespero!
Por isso mesmo é que sonho
Corro pra praia... Ensandeço
Ou então deito na rede balbucio uns versinhos
Cantarolo cantigas, um olhar, um gesto...
E choro e rio
E tento dormir no azul
Sob o vento que traz as folhas
E me cubro de sonhos e estrelas

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Fingir e fugir... Tão conveniente!
Mas não faz curar a dor.
Ela dilacera, não perdoa... não mente!
Apesar de não mentir, ela nunca encara de frente
Não se deixa descobrir, vive sorrateiramente
Dói... e é só o que se sente
Como? Onde? Por que?... questionamentos freqüentes
Mas a dor não responde... só aumenta loucamente.

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Porque sou explorador do mundo
Todos me condenam e me olham torto
Porque quero o melhor deste mundo
E quero abraçá-lo de uma só vez
Todos me criticam e esculacham.
Sofro tanto com isso!
Sei que não deveria...
Afinal que explorador é esse que se recolhe às lágrimas
E fica esperando chegar a calmaria?
Que desbravador se martiriza com as tormentas?
Que derrama suas fraquezas aos quatro ventos?
Eu sei bem que tipinho é este!
É um daqueles que tem mania de brincar de poesia
E que acha bonito achar beleza na dor
E fica admirando aquela imensidão de dor!
Murmurando-a, exaltando-a e tentando rimá-la com amor
Tudo só porque sou explorador!
Explorador de fragatas vazias, de noites frias e de dias sem cor.
Por querer desbravar o mundo e tomá-lo pra mim
Por sentir suas dores e mazelas
Por não tê-lo e por sonhar que o terei
É que faço poesia.

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Sonhar em ser outras criaturas...
Parece que é tudo que resta!
Afinal não sou o quero nem sou quem acreditam
Apenas perdido entre o querer e o parecer
Algo indefinido... DESINTEGRADO
Sem destino, sem presente, sem passado.

No exercício sórdido de pôr uma máscara todos os dias
Nenhuma delas ousou ficar apegada à cara
Não sei se isso é bom ou ruim
Parece-me bom ter uma: com um tempo nem se sentiria a hipocrisia
O ruim seria querer arrancá-la um dia...
Sentir que ela estava sufocando
E por mais que se tentasse... não sairia!

Não... não me acostumei... elas ia e vinham
Vou sendo na medida que tenho de ser
Sem me prender muito... levando a breca
E vou deixando de ser e de querer
Tentando dormir pra esquecer como estou
E claro, pra sonhar... Afinal, já é uma fuga, uma saída
Quem sabe no sonho eu quero e sou
E quem sabe o sonho me acorde pra vida.


 

 






segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010


















Nem eu sei quem sou, nem essencialmente o que faço
Mas onde vou cada um me diz quem sou
Cada um me dá um rastro, um rosto
Opniões mais ou menos uniformes
Mas que no fim das contas, no fundo, no fundo
Não formam um eu pra mim chamar de meu
E assim vou sem pensar muito em ser
Existir já é o bastante e só por isso já se é
E assim é que gosto e assim que as coisas são
Não como gosto que sejam, talvez um dia serão
Fato é que as coisas, e eu, são só sua existência, seu coração
E do meu jeito vou existindo, sempre ouvindo sermão!
Um que diz: "Tolo! Isso não dá certo não!"
Uma excessão que fala: "Isso mesmo! Assim! Não te cala!"
Comum mesmo é ouvir: "Para! Para! Para!"
Às vezes se escuta: "Tá feliz?!"; "Gostei assim!"; "Não enche filho da puta!" "Obrigado!"
Ou então um sussurro: "Eu te amo!"; " Eu te odeio!"; "Meu anjo!"; "Seu diabo!"
E um outo que grita com voz de tia: " Mas que besteira! Quanta utopia!"
E eu vou! Do nada, sem nada e pra nada
De onde tudo se cria!







DESVITUARTE -meu poema manifesto-

DesvituAr-te é acima de tudo Arte

É ter na alma a poesia de saber olhAr-te
Não só a ti, mas a tudo que te rodeaste
É ver nas hastes em riste e nos ‘astes’ desinenciais
Tudo que vire Arte

É ouvir nas cantorias das vezes lindas que cantastes
A gostosa harmonia da sinfonia que formastes
Ás vezes só com a fala ou monossílabos sussurrados
Que nem sempre compreendo, mas sei que é Arte

É sentir a pele macia, a cicatriz dilacerada
Todos os arrepios de texturas inigualáveis
De corpos que tu tocastes
E que tornaram-se arte

É ter o gosto de todas as estações
Primaveras adocicadas, amargura dos invernos
O acre dos outonos, a pimenta dos verões
Provar todas as sensações que irão transformaste em arte

É perceber todos os aromas
O cheiro de sangue, o cheiro de mato
A taça de vinho, as flores do campo, a fumaça do cigarro
É deixar a brisa levAr-te e enebriAr-te de Arte

É sentir com todos os sentidos
E ir sempre mais além
Desreprimindo desejos contidos
Mas sem te machucares, sem maltratares ninguém

É enfrentar o medo que te afugenta
É perceber o mal e o bem
E alertAr-te! Dando cada qual seu quem
E a cada quem sua parte, consciente do que renunciaste

Tu dirás o que é feio e o que é bonito, quais são as verdades e os mitos
De acordo com o que gostastes, leal à tua arte sem nunca te preocupAr-te
Com padrões, patrões, esteriótipos e protótipos
Eles te deformam como lama

Mas tu que viestes do pó
Varrerá toda a sujeira que te empurrarem
Quebrará a argila podre em que te aprisionam
Deformará a sórdida realidade, tola ilusão, mera virtualidade

Vai fazer-te a mais bela escultura
Com as virtudes que criastes
Usando as que são puras de nascença
E repudiando as impuras de doença

E quando aprontAr-te , irá lançAr-te e cravAr-te
Nos olhos marejados, ouvidos fatigados
Nas peles desgastadas, nas bocas abafadas e até nos narizes empinados
Mas vai fincAr-te com mais força em cérebros e corações desesperados

Aí saberás e amarás
O sentido de DESVIRTUARTE
E depois de tudo... e de nada...
Só nos resta a Arte

AMARTE

Ai como é bom...
EncontrAr-te
E sentir que estamos unidos
Principalmente pela Arte
Ai... amAr-te
Nas noites de lua cheia
No calor das tardes... que arde, arde, arde...
No frio das ventanias
Nas peles a se tocarem
Na luz às vezes azul, às vezes vermelha
Mas sempre a iluminAr-te
Ah... nas vezes que suspirastes... ARTE
Aaaaaaarrrteeeeeeeeeeeeee...
Se um dia eu estiver longe
Como se estivesse em Marte
Não tenhas medo Meu Bem
Da distância que nos reparte
Se chorastes, entenderei, mas desde que...
Chores arte.
Se rires me lembrarei de tudo que passastes
Passastes comigo... Passastes com a Arte
E quando sonhastes... estarei sempre contigo
Desassossegando-te em toda parte
Pois eu sei e tu sabes...
Que me marcastes
E quando eu... ou tu voltastes
Te amarei como sempre
Como sempre tu me amastes
Que lindo! Que lindo é AMARTE
E sentir nosso amor sempre novo
Nosso amor pela Arte.
III PARTE

Para fechar estas rimas de ARTE
Com chave de ouro, prata, ou latão
Enfim, metais estão à lacarte
Encerro com este terceiro
Derradeiro com esta rima... Prometo, estou a jurAr-te
Pelo a menos até quando me venha a vontade de dizer
Vontade de dizer... Vontade de dizer Arte
Mas por hora, este encerra a trinca
O trio, a terça parte. Três como é bom cantAr-te
Gosto do que é trino.
Mas trilogias são coisas à parte,
Pois estas são cansativas
E tu já me cansastes
Pois não sabes o quanto é árduo...
O ardor de escalAr-te
Com este estandArte um pouco escarlate
Que certamente já enjoastes
Mas te digo que ainda consigo
Chegar ao topo e alcançAr-te
Com estas rimas pobrinhas
Feitas com amor e ARTE.