domingo, 23 de maio de 2010














Hoje queria fazer um poema azul
Numa folha verde... ou seca mesmo
O papel e a tinteira já ajudam
E até minha alma triste tem uma alegriazinha açucarada
Que me faz despontar nas estrelas
E imaginar que tenho os astros nas mãos
E tocá-los é algo tão sensível e deslumbrante
Que tomo o maior cuidado do mundo
Pra que não escapem com a paz que os acompanha
E me sentido novo, vivo e altivo
Invadido pela energia de todo o cosmus
Que vem desde o alecrim que plantei até
As colossais galáxias que sonhei... Que vivo sonhando!
Que sei que um dia chegarão e me invadirão!
E não eu, ir até elas e tomá-las... sim, creio que elas que virão
Pois não tenho a audácia de violá-las na beleza de meus sonhos
E mesmo que não cheguem de verdade
A doce ilusão me encanta tanto
Porque engano a solidão e sou tudo aquilo que quero
E canto bossinhas, marchinhas, sambinhas
E vêm os rodopios, rodopios, rodopios, rodopios...
E grito, e me debato, e me liberto...
E me pinto e me bordo com todas corres
E me faço indolente cheio de lascívia
Me derramando em cascatas de vinho
Ou me faço lânguido e amargo
Costuro e rasgo fantasias
Minha metamorfose é tão natural e inesperada
Que deleite estranho e anárquico se passa em minha loucura?
Tudo o que não sei e o que não sou é o que me cura
Se minha alma não se expande feito os raios de sol
Que emergem na escuridão de minhas pequenas tragédias
Eu sufoco! E desespero!
Por isso mesmo é que sonho
Corro pra praia... Ensandeço
Ou então deito na rede balbucio uns versinhos
Cantarolo cantigas, um olhar, um gesto...
E choro e rio
E tento dormir no azul
Sob o vento que traz as folhas
E me cubro de sonhos e estrelas

--------------------------------------------------------- 
 
Fingir e fugir... Tão conveniente!
Mas não faz curar a dor.
Ela dilacera, não perdoa... não mente!
Apesar de não mentir, ela nunca encara de frente
Não se deixa descobrir, vive sorrateiramente
Dói... e é só o que se sente
Como? Onde? Por que?... questionamentos freqüentes
Mas a dor não responde... só aumenta loucamente.

--------------------------------------------------------------------

Porque sou explorador do mundo
Todos me condenam e me olham torto
Porque quero o melhor deste mundo
E quero abraçá-lo de uma só vez
Todos me criticam e esculacham.
Sofro tanto com isso!
Sei que não deveria...
Afinal que explorador é esse que se recolhe às lágrimas
E fica esperando chegar a calmaria?
Que desbravador se martiriza com as tormentas?
Que derrama suas fraquezas aos quatro ventos?
Eu sei bem que tipinho é este!
É um daqueles que tem mania de brincar de poesia
E que acha bonito achar beleza na dor
E fica admirando aquela imensidão de dor!
Murmurando-a, exaltando-a e tentando rimá-la com amor
Tudo só porque sou explorador!
Explorador de fragatas vazias, de noites frias e de dias sem cor.
Por querer desbravar o mundo e tomá-lo pra mim
Por sentir suas dores e mazelas
Por não tê-lo e por sonhar que o terei
É que faço poesia.

  ------------------------------------------------------------------

Sonhar em ser outras criaturas...
Parece que é tudo que resta!
Afinal não sou o quero nem sou quem acreditam
Apenas perdido entre o querer e o parecer
Algo indefinido... DESINTEGRADO
Sem destino, sem presente, sem passado.

No exercício sórdido de pôr uma máscara todos os dias
Nenhuma delas ousou ficar apegada à cara
Não sei se isso é bom ou ruim
Parece-me bom ter uma: com um tempo nem se sentiria a hipocrisia
O ruim seria querer arrancá-la um dia...
Sentir que ela estava sufocando
E por mais que se tentasse... não sairia!

Não... não me acostumei... elas ia e vinham
Vou sendo na medida que tenho de ser
Sem me prender muito... levando a breca
E vou deixando de ser e de querer
Tentando dormir pra esquecer como estou
E claro, pra sonhar... Afinal, já é uma fuga, uma saída
Quem sabe no sonho eu quero e sou
E quem sabe o sonho me acorde pra vida.